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BULLY XL O CÃO BANIDO DO REINO UNIDO – PARTE 2: O ESTOPIM, A EXPLOSÃO E OS ESTILHAÇOS

Após uma série de ataques fatais atribuídos à raça, o Reino Unido bateu o martelo sobre a proibição dos cães tipo Bully XL. Na Inglaterra e no País de Gales, desde o dia 1º de fevereiro, passou a ser totalmente proibido criar, vender, anunciar, trocar, dar, realojar, abandonar ou permitir que cães Bully XL sejam transportados ou extraviados.

Na segunda parte da série ‘ESPECIAL BULLY XL, O CÃO BANIDO DO REINO UNIDO’, o portal Media Pet relembra alguns dos casos de ataques atribuídos aos Bullies XL que mais repercutiram na mídia e na sociedade britânicas. É preciso compreender como esses ataques, associados a toda uma mobilização equivocada contra a raça, levou o Reino Unido a adotar – como placebo -, uma medida tão rígida, quanto paliativa, na intenção de acalmar a população e transmitir à sociedade britânica uma sensação ilusória de segurança, visto que o fator humano é, efetivamente, o grande responsável por toda essa “bagunça”.

O Estopim – 14 de setembro

O anúncio da proibição, feito pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak,  ocorreu logo depois que um homem de 52 anos foi morto por dois cães que se acredita pertencerem à raça. Ian Price foi proteger a mãe, idosa, que foi atacada pelos cães no quintal da própria casa. Ele chegou a ser socorrido, mas já chegou sem vida ao hospital diante da gravidade dos ferimentos.

Os cães fugiram da casa de um vizinho, atravessaram uma cerca viva e invadiram a residência da mãe da vítima. O dono dos cães, um homem de 30 anos, foi preso sob suspeita de homicídio culposo e por cuidar de cães perigosamente fora de controle, e permaneceu sob custódia. Já havia histórico de ataques envolvendo os cachorros dele. A polícia relatou que um dos animais morreu estrangulado durante a contenção e o outro foi sacrificado com uma injeção administrada por um veterinário.

Este episódio, em particular, causou muita comoção. Diversas pessoas tentaram intervir e tirar os cães de cima de Ian, mas, quando conseguiram, já era tarde. A ferocidade do ataque e o estado em que ficou a vítima deixaram a comunidade perplexa. Houve correria e muitas pessoas se trancaram em suas casas. Em uma escola local, alunos e responsáveis foram impedidos de sair até que a situação fosse controlada.

Premier do Reino Unido, Rishi Sunak, durante pronunciamento do banimento dos Bully XL, horas depois da morte de Ian Price.

Poucas horas depois desse trágico incidente, quando os meios de comunicação ainda repercutiam a morte de Ian Price, o primeiro-ministro fez o fatídico pronunciamento, anunciando que os American Bully XL seriam banidos do Reino Unido até o final do ano.

A Explosão 2021/2023

Ainda que a medida adotada seja merecedora de duras críticas, é preciso entender que existe um problema real. Há, sim, algo de muito errado acontecendo no Reino Unido e, de forma recorrente, envolvendo cães tipo Bully. Pessoas estão morrendo, sendo mutiladas, vendo seus animais de estimação serem mortos violentamente e perdendo seus filhos, familiares e amigos.

Desde o ano de 2021, a ocorrência de ataques com mortes envolvendo os Bully XL vem aumentando consideravelmente. Em 2023, o número de ataques fatais de cães a pessoas cresceu de forma assustadora, se tornando o mais alto dos últimos 10 anos, e a maior parte dos casos que terminaram em morte tinham um Bully XL ou mestiço de XL,  como causador da fatalidade.

Imagem utilizada oficialmente pelo governo britânico para divulgar o padrão de identificação dos Bullies XL

Abaixo, relembramos alguns dos casos que mais ajudaram a manchar a reputação do Valentão XL no Reino Unido e fazer dele o inimigo número um da sociedade britânica.

Terror e pânico nas ruas de Birmingham – 9 de setembro de 2023

Dias antes do anúncio do banimento da raça, um cão descontrolado, identificado como um mestiço entre Bully XL e Staffordshire Bull Terrier, atacou diversas pessoas e causou um verdadeiro corre-corre pelas ruas de Birmingham. Uma menina de 11 anos foi mordida e sofreu ferimentos graves no ombro e nos antebraços. Celulares e câmeras de segurança filmaram o incidente e as imagens viralizaram na internet.

Imagens de câmeras de segurança flagraram o ataque nas ruas de Birmingham.

“Várias pessoas correram em seu socorro e quando o cachorro se libertou de seu dono pela segunda vez, um homem de 20 anos foi perseguido no pátio de uma garagem. Ele foi levado ao hospital com mordidas no ombro e no antebraço, além de cortes, ferimentos e hematomas, por ter sido arrastado pelo chão”, disse um porta-voz da força policial.

O dono do cão, um homem de 60 anos, foi preso sob suspeita de possuir um cachorro perigosamente fora de controle e foi libertado sob fiança até que as investigações fossem concluídas. O cão foi encaminhado para um canil seguro, segundo informações da polícia. Provavelmente, deve ter sido abatido.

O incidente levou a secretária do Interior, Suella Braverman, a buscar “conselho urgente” sobre se a raça americana Bully XL deveria ser banida. Após o ataque, ela disse que a raça representava um “perigo claro e letal para as nossas comunidades, especialmente para as crianças”. “Não podemos continuar assim. Encomendei conselhos urgentes sobre sua proibição”, disse ela.

Jack Lis – 8 de novembro de 2021

O pequeno Jack Lis, de 10 anos, morreu após ser atacado por um cachorro Bully XL chamado Beast, enquanto brincava com um amigo em Caerphilly, Gales do Sul.

Na imagem, o menino Jack Lis. Ao lado está ‘Beast’, o cão Bully XL que o atacou.

A repercussão desse triste caso nos meios de comunicação acabou trazendo muita notoriedade para a mãe de Jack, Emma Whitfield, que acabou se tornando uma das primeiras ativistas anti-Bully XL no Reino Unido.

“Esses cães não são cuidados pelos criadores, que só querem dinheiro, então, devido à ganância no início e à propriedade irresponsável no meio, temos crianças morrendo”, disse Emma em setembro do ano passado, a um veículo da imprensa que relembrou o caso após a proibição.

Ao saber sobre o banimento da raça, Emma declarou: “Isso não deveria ter acontecido com Jack e nunca deveria acontecer novamente. Não duvido que existam bons proprietários, mas o aumento dos ataques fala por si. Ninguém deveria perder um ente querido por causa de um cachorro”.

Adam Watts – 22 de dezembro de 2021

O proprietário de canil, adestrador e ativista da causa animal, Adam Watts, de 55 anos, foi morto por um cão mestiço tipo Bully, enquanto tentava ressocializar o animal, que já havia se envolvido anteriormente em dois casos de ataque.

Ele atacou o cachorro de pequeno porte de Amanda Williamson, de 42 anos. Ela conseguiu salvar o seu cachorrinho, mas foi mordida na perna.  Nove dias depois, o mesmo cão atacou o cachorro da aposentada, Eunice Gow. Impotente, ela só pôde assistir horrorizada enquanto seu animal era mordido no pescoço e sacudido violentamente. Felizmente, ele sobreviveu.

O proprietário do cão, Peter Fyfe, foi proibido pela Justiça de ter outro cachorro por um período de cinco anos. Ele também foi condenado a 105 dias de prisão domiciliar. Após os ataques, os policiais entregaram o animal a Adam Watts, profissional que possuía 20 anos de experiência com a ressocialização de cães.

Bella-Rae Birch – 21 de março de 2022

Bella-Rae Birch, de 17 meses, foi atacada na residência em que morava, em Blackbrook, St Helens, por um Bully XL, adquirido já em idade adulta pelo pai dela, Ryan Birch, cerca de uma semana antes do incidente.

A autópsia de Bella-Rae determinou que a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico. O cachorro foi “humanamente “ sacrificado.

Os vizinhos contaram ao jornal Daily Mail que o pai de Bella-Rae, Ryan Birch, supostamente comprou o cachorro já adulto de um amigo, uma semana antes, e que “pretendia criá-lo e vender os filhotes por £ 2 mil (Libras Esterlinas) cada um”, o que equivale a R$ 12.052,00 (doze mil e cinquenta e dois reais).

Keven Jones – 28 de maio de 2022

Keven Jones, de 62 anos, morreu depois de ser mordido na perna por um Bully XL, em Wrexham, País de Gales. Ele havia se oferecido para ajudar a cuidar dos cães de estimação do filho, Josh, que foi a Wembley, assistir a uma partida de futebol.

Keven chegou a receber atendimento médico no local. A mordida na perna esquerda causou um ferimento muito profundo. A companheira de seu filho, Chanel Fong, de 28 anos, estava em casa no momento do ataque, tirou o cachorro de cima do sogro e chamou uma ambulância. Os socorristas tentaram salvá-lo, mas não conseguiram estancar o sangramento. O Sr. Jones teve uma parada cardíaca e foi declarado morto na casa de seu filho após o ataque.

Keven foi mordido na perna pelo cachorro do filho, um XL Bully chamado Cookie, e sangrou até a morte. Cookie foi sacrificado e uma cadela chamada Fire, apreendida.

O Cão, chamado Cookie, foi abatido no local por um veterinário. Uma cadela chamada Fire foi apreendida pela Equipe Especial de Manejo de Cães do Norte de Gales. “Outros cães mantidos na propriedade foram temporariamente mantidos no canil enquanto as investigações estão em andamento”, disse um porta-voz da polícia.

‘Wiggy’ – 10 de Agosto de 2022

Moradores da região disseram que ele nunca foi visto sem estar na companhia um cachorro.

Conhecido como Wiggi, o passeador de cães e adestrador Ian Symes, de 34 anos, estava passeando com um cachorro Bully XL, quando foi atacado por ele em um campo de recreação em Fareham, Hampshire. O adestrador morreu no local.

Testemunhas contaram à polícia que o passeador estava brincando com o cão, quando o animal se voltou contra ele, o derrubou no chão e o mordeu no pescoço repetidas vezes.

Segundo os jornais, o cachorro pesava cerca de 80 kg e era a primeira vez que Symes o levava para passear, apenas um dia depois que um amigo o comprou de viajantes pelo Snapchat.

Luna Hobson6 de abril de 2023

Luna Hobson sofreu “ferimentos bastante significativos” no rosto, depois de ser atacada por um Bully XL, em Nuneaton. Em entrevista à Sky News, a mãe de Luna, Amy, disse que o cachorro estava trancado no andar de cima da casa de uma amiga, mas conseguiu sair e atacou sua filha.

“Ele abriu a porta e desceu as escadas, então estendi minha mão para acariciá-lo – como sempre fiz, nunca tive problema – então Luna estendeu a mão esquerda para acariciá-lo e dizer olá. Ele a empurrou no chão e começou a atacar o rosto dela”, disse a mãe.

A pequena Luna Hobson, ao lado da mãe, Amy, que se tornou uma forte ativista anti-Bully.

Ela contou que, inicialmente, achou que o cão estava brincando com a menina, mas logo percebeu que a filha estava levando uma mordida na bochecha. “Foi aí que comecei a tirar o cachorro de cima dela, comecei a bater nele, a dar socos, chutei, torci as orelhas dele, fiz de tudo para tirá-lo”. A menina Luna levou uma mordida no rosto e vai precisar fazer uma cirurgia.

Amy Hobson é uma das vozes fortes da causa anti-Bully no Reino Unido. À Sky News, pouco antes da proibição, ela defendeu que os valentões XL deveriam ser proibidos e a raça, banida. “Eles são cães perigosos. Eles não são seguros perto de crianças”, declarou.

Katie Deere – 17 de agosto

A assistente de ensino Katie Deere, de 31 anos, foi atacada em South Yorkshire, enquanto caminhava pela rua empurrando um carrinho com seu bebê e passeava com seu cachorro de estimação na coleira.

A mulher tentou proteger seu cão, que conseguiu fugir ileso, mas foi mordida nos dois braços e teve um dedo parcialmente amputado. Ela e a neném foram socorridas por transeuntes, que chamaram uma ambulância. A mulher sangrou muito, teve graves lesões e foi levada às pressas para o hospital, onde foi submetida a uma cirurgia de cinco horas, levou 50 pontos em ambos os braços e passou por um reparo do dedo esquerdo parcialmente amputado.

Kate conseguiu salvar seu cãozinho e sua filha, mas foi mordida, passou por uma cirurgia de cinco horas para a reconstrução da mão e levou 50 pontos nos braços.

O cachorro foi abatido a tiros pela polícia. Katie não teve direito a indenização, pois o proprietário do cão era um adolescente menor de idade e não possuía seguro para danos provocados a terceiros.

O caso repercutiu muito na opinião pública. Após o incidente, um porta-voz da polícia de South Yorkshire disse à imprensa que os policiais já haviam lidado com 180 denúncias de cães fora de controle em 2023 (mais que o dobro do número de todo o ano de 2018), boa parte delas envolvendo os Bully XL, o que motivou a polícia de South Yorkshire a solicitar que eles fossem adicionados à lista de raças proibidas.

Jonathan Hogg – 18 de maio de 2023

Era quinta-feira à noite, quando Jonathan Hogg, de 37 anos, foi atacado e morto em um ataque atribuído a um suposto Bully XL, em Leigh. Ele foi resgatado com vida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Hope, em Salford, durante a madrugada.O cachorro foi morto a tiros por policiais.

O caso passou a ser investigado pela polícia e um homem de 24 anos foi preso sob suspeita de possuir um cão perigosamente fora de controle, causando ferimentos que resultaram em morte. Os dois eram amigos e Hogg costumava cuidar do cão.

Uma mulher de 22 anos também foi presa, sob suspeitas de lavagem de dinheiro. A polícia revistou a residência deles, onde foram foram apreendidos 15 cães, supostamente também Bullies XL, dos quais seis eram adultos e nove, filhotes; além de £ 37 mil (Libras Esterlinas), em “itens que se acredita serem resultado de produtos criminais”, de acordo com informações de um porta-voz da polícia.

Testículos arrancados – Outubro de 2023

Um homem teve os testículos arrancados ao ser atacado por um Bully XL, de 44 kg. O ataque ocorreu em Chesterfield, Derbyshire, em outubro de 2023. O homem recebeu oito pontos nos órgãos genitais e 32 nos braços. A cadela, chamada Hellhound Envie, também atacou a parceira do homem, Lynsey Kelly, e mordeu sua canela e sua coxa.

Homem teve testículos arrancados e sua companheira foi mordida na coxa e na canela.

A mulher disse que seu parceiro foi jogar um pedaço de pau para Envie, quando ela agarrou seu braço e depois a virilha. Kelly contou que conseguiu trancar a cadela em um quarto e levou seu parceiro às pressas para o hospital em uma ambulância. Os médicos realizaram uma cirurgia de emergência na qual reimplantaram os testículos do homem. A mulher disse que, embora Envie fosse “linda”, ela estava “seriamente perturbada”. A mãe de Linsey acrescentou que Envie “tinha uma enorme marca de queimadura, maior que um charuto, na lateral do pescoço”, o que levanta suspeitas de que a cadela pode ter passado por maus-tratos no passado.

Antigos proprietários disseram que Envie tinha momentos de descontrole e agressividade.

A cadela, de dois anos, foi sacrificada. Ela pertencia a um casal de amigos, Mikey e Sarah, e havia sido adotada por Linsey e seu companheiro. Antes de pertencer a Mikey e à Sarah, a cadela já havia passado por seis ex-proprietários diferentes.

Mikey relatou que, a princípio, Envie parecia um bom animal de estimação, mas o atacou: “Ela era uma cadela enorme, mas linda, grande e ousada, mas tinha momentos de loucura. “Uma vez, ela tentou atacar meu pescoço, na frente de todo mundo, e uma vez em casa, ela me mordeu no braço. O homem acrescentou:“Eles são fofos e um símbolo de status e as pessoas pagam o preço. Esses cães são loucos e precisam ser controlados”, disse Mikey à imprensa.

Natasha Johnston – 12 de janeiro de 2023

A passeadora de cães, Natasha Johnston, de 28 anos, foi atacada e morreu devido a múltiplas mordidas no pescoço, incluindo uma que perfurou sua veia jugular, durante um frenesi de matilha, que aconteceu enquanto ela passeava com oito cachorros de variadas raças ao mesmo tempo, em Caterham, Surrey, uma localidade muito frequentada por passeadores de cães.

Natasha Johnston, 28 anos, passeadora de cães

Relatos dão conta que um dos cães mordeu uma outra pessoa que passava pelo local e isso atiçou os demais, que adotaram um comportamento de alcateia, agindo como lobos (seus ancestrais), uma espécie de frenesi de ataque na matilha.

Em entrevista concedida ao The Sun, o especialista da Associação de Comportamento Canino e Felino, Colin Tennant, disse que uma “descarga de adrenalina” entre os cães pode ter desencadeado o ataque. “A alta energia de uma situação de luta pode redirecionar mais agressão de volta para o corpo a corpo. Possivelmente a passeadora de cães perdeu a capacidade de controle e foi atacada”, afirmou. “Quando a energia aumenta em uma situação como essa, podem ocorrer brigas entre matilhas e os cães podem morder qualquer pessoa, mesmo que estejam tentando ajudar”, finalizou.

É muito difícil deduzir com exatidão o gatilho que pode ter provocado nos cães essa reação violenta e descontrolada, mas uma coisa é certa: passear com oito cães ao mesmo tempo é um exagero.

A polícia concluiu que o cão responsável pelo ferimento fatal foi o próprio American Bully XL de Natasha. O cão foi sacrificado como resultado das conclusões da investigação policial.

Wayne Stevens – 22 de abril de 2023

Wayne Stevens, 51 anos, foi morto dentro de uma residência, em Cameron Road, Derby. Ele foi atacado pelo cachorro do irmão, um Bully XL e morreu em decorrência dos ferimentos. A polícia abateu o cachorro a tiros, alegando que ele estava agressivo e oferecia perigo.

Wayne Stevens foi atacado e morto pelo cachorro do irmão.

Gary Stevens, de 54 anos, compareceu à audiência no Derby Crown Court e se declarou culpado de ser o responsável pelo ocorrido. O advogado dele disse que o réu sentiu “culpa psicológica considerável” pela morte de seu irmão. Na época do ocorrido, a probabilidade era que ele fosse enviado para a prisão, por possuir um cachorro perigosamente fora de controle, que causou ferimentos que resultaram em morte.

Zoey e Família Faleiro7 de junho

Em entrevista à agência de notícias Reuters, a escritora Sonia Faleiro, de 46 anos, contou que teve seu cão, da raça Jack Russell, Zoey, morto e estraçalhado na frente de sua filha, em um ataque ocorrido em um parque de Londres. O ataque foi causado por três cães identificados como XL Bullies.

O número de casos de ataques a cães envolvendo os XL’s também aumentou consideravelmente no Reino Unido. Zoey já era idosa, cega e não resistiu.

A escritora contou que o marido dela tentou intervir e foi mordido, vindo a precisar de tratamento para as lesões do ataque. “Mesmo enquanto ele lutava com esse cachorro e tentava libertar Zoey das mandíbulas dele, os outros dois cães entraram na briga e tentaram agarrar a Zoey, como se ela fosse um brinquedo e eles fossem despedaçá-la”, contou a escritora.

A escritora ainda contou ao portal de notícias Metro, que pediu aos proprietários que esperassem enquanto ela ligava para a Emergência. Um deles disse-lhe para ‘superar isso, companheiro’, enquanto outro disse à família que ‘a culpa era deles, por estarem no parque’. Os proprietários fugiram do local antes da chegada da polícia.

Os proprietários fugiram do local antes da chegada da polícia.Um deles disse-lhe para ‘superar isso, companheiro’, enquanto outro
disse à família que ‘a culpa era deles, por estarem no parque’.

Cães mortos a tiros após matança de ovelhas

Em março de 2023, dois cães Bully XL foram mortos a tiros depois de matar 22 ovelhas grávidas e ferir outras 48, em um ataque de gado ocorrido no norte do País de Gales. Os cães foram mortos pelo dono da fazenda, perto de Wrexham, depois que fugiram de casa e começaram a atacar o gado.

David Hughes, de 26 anos, compareceu ao tribunal de magistrados da cidade e admitiu ser responsável pelos dois cães “perigosamente fora de controle”

O fazendeiro disse que, apesar de várias tentativas, não conseguiu controlar os cães e abriu fogo depois que um deles se tornou agressivo com ele. A polícia informou que o prejuízo causado ao agricultor pelo incidente chega a mais de £ 14 mil (Libras Esterlinas).

O dono dos dois cães, David Hughes, de 26 anos, compareceu ao tribunal de magistrados da cidade e foi condenado a pagar £ 900 (Libras Esterlinas), em multas, o equivalente a R$ 5.634,00, depois de admitir ser o responsável pelos cães perigosamente fora de controle, o que é crime no Reino Unido.

Joanne Robinson, 43 – 15 de julho de 2022

Mãe de dois filhos, Joanne Robinson, 43, foi morta por seu XL, Rocco. Acredita-se que o cão agiu agressivamente depois “ter enlouquecido com a onda de calor extremo”, ocorrida naquele ano.

Ela morreu no local do ataque, em sua casa, situada em Rotherham, South Yorkshire, enquanto seu parceiro, Jamie Stead, ficou com ferimentos nas mãos, no estômago e no rosto, adquiridos enquanto tentava tirar o animal de cima dela.

A mãe de Joanne, Dot, de Wath-upon-Dearne, South Yorkshire, revelou na época que Rocco já havia brigado com sua outra cadela, Lola – e ela havia avisado a filha para ‘se livrar de um deles’.

Os Estilhaços

Não faltam relatos de episódios como os relacionados acima. É um show de horrores interminável. Casos como esses explodiram como uma bomba e não tardou muito para os estilhaços voarem em todas as direções.

Os ataques foram noticiados de forma extremamente sensacionalista pela imprensa e chocaram a sociedade britânica. Infelizmente, esses incidentes com os Bully XL se tornaram recorrentes no Reino Unido e não só contribuíram, como determinaram o banimento da raça.

Pode-se contar como agravantes a força do movimento anti-Bully XL, que tomou conta de boa parte da sociedade, um sentimento que foi alimentado pela imprensa, formadores de opinião e diversas entidades e ativistas favoráveis ao banimento e extinção da raça.

Manifestante levantando uma placa em protesto contra a decisão do governo do Reino Unido, que baniu a raça com base na Lei dos Cães Perigosos, de 1991.

Junte a isso a atuação de políticos populistas que aproveitaram para “surfar” oportunamente nas ondas do banimento, e teremos na mesa todos os ingredientes que culminaram na rígida, precipitada e equivocada decisão do governo, fruto de um imediatismo vazio e raso, que visou apenas atender ao clamor dos eleitores, sem atacar o real problema. Agora, só nos resta sentar e esperar para ver qual a próxima raça canina será proibida, banida e exterminada no Reino Unido.

Na próxima matéria da série especial  BULLY XL, O CÃO BANIDO DO REINO UNIDO, o Media Pet vai fazer uma análise de como os grandes veículos de comunicação e a atuação de alguns políticos contribuíram para o banimento. Abordaremos, também, as manifestações e ações de ativistas, assim como os dilemas enfrentados pela classe veterinária que trabalham para o Governo.

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