Inimigo silencioso: incidência de carrapatos aumenta no verão e requer atenção redobrada

Coma chegada do verão, a incidência de casos de doença do carrapato aumentam.

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Com a chegada do verão, estação mais quente do ano, os tutores de pets e criadores de animais devem redobrar a atenção e os esforços contra um inimigo pequeno, quase imperceptível, silencioso e mortal: o carrapato.

Nas épocas mais quentes do ano, a incidência de infestações de carrapatos tende a aumentar consideravelmente. Quem faz o alerta é a médica veterinária Anne Moura.

“Vale o alerta, pois o parasita se torna mais ativo com o aumento do calor, o que também faz com que ele se desenvolva e se reproduza de forma mais acelerada. Além dos cães eles podem parasitar gatinhos, aves e roedores. Eles também representam perigo para nós, pois as doenças que transmitem são zoonoses, ou seja, podem contaminar as pessoas”, ressalta.

É preciso ficar atento e vasculhar o cão depois dos passeios, pois o carrapato é um inimigo minúsculo e que chega sem fazer alarde. (Foto: Reprodução da internet).

Essa soma de fatores exige muito cuidado e atenção por parte de criadores e tutores de pets, principalmente de quem reside em área rural e possui cães. Para quem reside na cidade, é bom estar atento aos passeios em praças, parques e demais espaços públicos, onde o animal estará exposto a ambientes que podem apresentar risco, em maior ou menor grau.

As doenças do carrapato

O carrapato é transmissor de diversas doenças, que, apesar de serem mais frequentes em cães e animais rurais e silvestres de médio e grande porte, como cabras, capivaras, bois e cavalos, também podem infectar gatos e até mesmo seres humanos. As doenças mais comuns transmitidas pelo carrapato são: babesiose; erliquiose, anaplasmose; Lyme e a febre maculosa, que são causadas, respectivamente, por diferentes bactérias, presentes em carrapatos contaminados. O carrapato contaminado transmite a doença após picar o animal ou a pessoa.

Nesta matéria, especificamente, não nos aprofundaremos nas doenças transmitidas pelo carrapato. O intuito é alertar sobre o aumento da incidência de infestações nas épocas mais quentes do ano, sobretudo no verão.

As doenças do Carrapato também são transmissíveis ao ser humano e podem levar à morte. (Foto: Reprodução)

Todas as cinco doenças são perigosas e podem levar a óbito. Entretanto, vale ressaltar que se forem diagnosticadas o quanto antes e devidamente tratadas a tempo, seguindo à risca o tratamento indicado pelo veterinário, todas as doenças acima citadas têm cura. Alguns dos sintomas mais evidentes são comuns às quatro doenças são: prostração; febre; falta de apetite; pontos de sangramento na pele; emagrecimento repentino; quadros de anemia.

Fique atento: falta de apetite e prostração podem ser sintomas de doenças do carrapato. (Foto: Reprodução).

Anne Moura alerta para o fato de serem doenças traiçoeiras. Não raro, os sintomas só se tornam evidentes quando a doença já está em estágio bem avançado.

“A sintomatologia demora um pouco a aparecer. Geralmente, quem é criador e tem um pouco mais de experiência, começa a perceber alguns sinais, como inapetência (falta de apetite); apatia; vômito, febre e anemia notória. Alguns casos necessitam de transfusão de sangue e em outros o quadro é revertido apenas com o uso de antibióticos e suplementação”, explica a veterinária.

Se o cão não for devidamente tratado a tempo e da maneira correta (pois para cada doença há um tratamento específico), o quadro evolutivo da doença vai comprometer o sistema imunológico do animal, assim como as funções vitais dos seus órgãos, o que certamente vai levá-lo à morte. Portanto, é fundamental ficar sempre alerta, atento a qualquer indício de sintomas relacionados às doenças do carrapato.

Cura

Afinal, a doença do carrapato tem cura, desde que o animal seja devidamente examinado por um profissional e tratado de forma assertiva. Não há margem para erro. O grande problema é quando o tutor minimiza a apatia do animal e demora em buscar atendimento veterinário. Quando mais demorar a ser diagnosticado e devidamente tratado, mais o quadro tende a se agravar e a cura se torna mais difícil.

“São doenças graves, então, por mais que tenham cura, provocam sintomas muito complicados e desconfortáveis para o animal doente e podem leva-lo a óbito. Em alguns casos, por mais que se consiga reverter o quadro, ainda podem ficar sequelas, a exemplo da babesiose, que pode levar um quadro neurológico, ou a erliquiose, que pode causar uma anemia irreversível”, diz Moura.

Veterinária Anne Moura alerta para a maior incidência
de infestações de carrapatos no verão. (Foto: Acervo pessoal)

Prevenção

Existem lugares onde há uma chance maior de haver focos do parasita. O ideal é evitar ambientes que são frequentados por um grande número de cães, como o famoso ‘Parcão”, pois muitos tutores não cuidam de seus animais como deveriam e o risco de haver um cão infestado é real. Também é recomendável evitar lugares próximos a estábulos ou onde há muita grama ou mato alto, mata fechada, bambuzais e locais com muita vegetação de floresta.

“Também, destaco a importância de estar atento à própria casa. Até mesmo pássaros podem transportar o carrapato e deixá-lo em um telhado e o parasita se prolifera de forma rápida e silenciosa. Já vi casos assim e a reprodução, que já é rápida, se torna ainda mais acelerada nessas épocas de maior calor”, alerta a veterinária Anne Moura.

Além de ter cuidado com os locais onde levam seus cães para passear e brincar, também é preciso adotar uma série de cuidados que vão trazer mais segurança para o dia-a-dia do seu cão, principalmente na hora dos passeios, como coleiras repelentes, talcos e outros produtos que matam ou repelem o carrapato, sejam de uso tópico ou oral. O ideal é que o cão tenha o máximo possível de proteção. O recomendável é que se faça o uso do antiparasitário oral (produtos como Simparic, Bravecto e Nex Gard, por exemplo), associado à coleira repelente ou repelentes de uso tópico.

Transmissor da Febre Maculosa, o carrapato estrela é encontrado com mais frequência em animais de grande porte, como cavalos, bois e capivaras. (Foto: reprodução)

Porque associar a coleira à medicação oral?

A associação dos dois produtos é fundamental na proteção do cão, pois a medicação oral evita infestações agindo da seguinte forma: o carrapato sobe no animal e depois de picá-lo, morre. Apesar de ser extremamente eficiente no controle de infestações e ter ação prolongada, a medicação oral não evita que o cão sofra a picada do carrapato contaminado. Por essa razão, o ideal é associar os dois produtos, pois um complementa o outro, uma vez que a coleira afasta o carrapato e evita que ele suba no cão.

Também é de extrema importância tratar o ambiente do animal. Não adianta nada proteger o cão e ser displicente no que diz respeito ao local onde ele passa a maior parte do tempo, pois é para onde ele vai levar o carrapato, caso contraia o parasita na rua.

“Para se ter ideia, quando se vê uma infestação de carrapatos, aquela quantidade que se vê representa apenas 5% do que realmente é a infestação, pois os outros 95% que estão no ambiente ficam escondidos em pequenos buracos e frestas e ainda estão em fase larval. Daí a importância de fazer o controle ambiental, seja com produtos ou empresas de dedetização, ou até mesmo a chamada ‘vassoura de fogo’.  Somente adotando essa série de cuidados, os nossos cães vão estar mais seguros e saudáveis”, destaca a médica veterinária.