O Brasil está comovido com o caso de Joca, um cão de estimação da raça Golden Retriever que morreu nesta segunda-feira (22), durante o transporte aéreo da Gollog, uma empresa que presta serviço de transporte de cargas, pertencente à companhia aérea Gol.
A morte de Joca ocorreu após uma falha grotesca na logística de transporte do cão, que deveria ter sido enviado para a cidade de Sinop (MT) e acabou indo para Fortaleza (CE), o que acabou custando a vida do animal. Joca estava coberto por uma atestado veterinário que certificou o bom estado de saúde do cão, afirmando que ele poderia encarar uma viagem de até 2h e 30 minutos de avião.
O problema é que o cão, de cinco anos, foi enviado para o destino errado e, ao chegar em Fortaleza, não recebeu a devida assistência veterinária e humana por parte da empresa, sendo reenviado para são Paulo logo em seguida, sem ter sido alimentado, devidamente avaliado e desestressado, pois o longo tempo de voo sozinho, longe de seu tutor e sob o desgaste da primeira viagem dentro da caixa de transporte e no compartimento de cargas do avião, certamente levou o animal ao nível elevadíssimo de estresse, condição emocional que pode, sim, levar um animal a óbito. No atestado de óbito, o parecer foi que Joca morreu devido a uma parada cardiorrespiratória, sem esclarecer os motivos que a causaram.
Ainda conta como agravante o fato de o cachorro ter ficado por um longo período exposto ao sol e ao calor na pista de pouso e aterrissagem das aeronaves, enquanto aguardava a realocação no compartimento de carga do avião para retornar ao aeroporto Guarulhos. Ao chegar em São Paulo, o bichinho já estava morto.
A viagem, que originalmente deveria durar pouco mais de duas horas, acabou demorando oito horas. E foi assim que o tutor do golden retriever o encontrou ao chegar em Guarulhos: morto, dentro da caixa de transporte.
Ao perceber o erro, a companhia aérea enviou João gratuitamente de volta a Guarulhos, para se juntar a Joca. Quando chegou em São Paulo, o engenheiro João Fantazzini, tutor de Joca, ficou desolado ao receber a notícia da morte de seu adorado companheiro. “Cheguei no aeroporto e uma moça, que disse que era gerente, veio na minha direção. Ela falou que o Joca não tinha passado bem. O veterinário tinha atestado um voo de duas horas e meia para ele, mas fizeram quase oito horas de voo”, afirma João.
Marcia Martin, mãe de João, contou como o animal foi tratado ao chegar na Capital do Ceará e antes de ser reenviado para Guarulhos: “Eles colocam água em um negocinho que o cachorro tem que passar a língua para tirar água. Um cachorro daquele tamanho, com 47 quilos, não dá para acreditar nisso. Aí eles colocaram o cachorro de volta sem nenhuma avaliação, sem nenhum veterinário examinar o animal”, contou.
Inconformada, a mãe de João culpabiliza a companhia aérea pelo fato ocorrido. “Nem estabilizaram o cachorro, nem levaram para um lugar refrigerado, nem andaram um pouquinho com ele para ver como ele estava e mandaram de volta. Quando chegou aqui em Guarulhos, eles demoraram de 30 a 40 minutos, e meu filho perguntando ‘o que aconteceu?’, ‘cadê meu cachorro?’”, completou.
Posicionamento da empresa Gol
Por meio de uma nota oficial, a companhia aérea afirmou estar surpresa com a morte de Joca e alega que ele recebeu os devidos cuidados por parte de seus funcionários na capital cearense. Ainda segundo a empresa, a morte do animal ocorreu após o pouso da aeronave em Guarulhos.
A Gol afirmou que todo o ocorrido se deu em decorrência de uma falha operacional, que enviou fotos do animal vivo do Joca para seu tutor antes de embarcá-lo para Guarulhos. foram enviadas para o tutor na parada e que está oferecendo suporte ao tutor e apurando os detalhes do ocorrido com prioridade. “Nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação”, disse em nota.
Órgão regulador
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), responsável por regular a atividade da aviação no país, explica que as companhias aéreas não são obrigadas a oferecer este tipo de serviço, havendo uma exceção apenas para cães-guia, que devem ser transportados gratuitamente.
Segundo a agência, cabe às empresas implementarem regras próprias sobre o tamanho da caixa de transporte, os valores a serem cobrados e a documentação necessária para a viagem, assim como também fica a cargo das companhias a companhia aérea é quem define se os animais vão viajar na cabine de passageiros ou no compartimento de carga do avião.
As regras implementadas ficam a cargo das próprias empresas, que estabelecem as dimensões da caixa de transporte a ser utilizada, os valores que serão cobrados pelo serviço e a documentação que deve ser apresentada pelos tutores.
Também fica a critério da companhia aérea apontar a quantidade máxima e o limite de peso da carga, que considera a soma do peso do animal e da caixa. A Anac também ressalta que as companhias podem negar o embarque em função da capacidade da aeronave; se houver incompatibilidade com espaço na cabine; a capacidade de atendimento da tripulação da cabine em situações de emergência; e o risco à segurança das operações aéreas, cabendo também à empresa prestar assistência ao passageiro e ao animal.
O Media Pet lamenta profundamente a morte do Joca e se solidariza com seu tutor por sua perda. Ninguém que tem um bichinho de estimação deveria passar por uma situação como esta. O trágico episódio evidencia a necessidade de uma reformulação do serviço por parte das companhias aéreas, de forma a torná-lo mais seguro e confortável para os animais, disponibilizando meios para que eles possam viajar com segurança e tranquilidade no interior da cabine, ao lado do assento de seus tutores.
